“estranho” é só um efeito colateral de “incrível”

Consigo encontrar mais de uma coisa em comum nos meus seriados favoritos (Community e Doctor Who): os dois são voltados para o público ‘nerd’, os dois mudam sua fórmula quase que de episódio em episódio, os dois tem como foco o desenvolvimento dos personagens apesar de toda a loucura que os cerca. Mas, recentemente, me toquei que o motivo principal desses seriados falaram comigo de maneira mais profunda que outros que gosto muito, é que, tanto em Community quanto em Doctor Who, os personagens esquisitos, estranhos, que não se encaixam no que a sociedade chama de ‘normal’ e não tem muito traquejo social são mostrados como heróis e não como a piada (o que acontece muito em outras obras, vide The Big Bang Theory).

Eu sou uma pessoa esquisita e já aprendi a aceitar e até mesmo gostar de tudo o que me torna diferente dos outros. Eu sei que todo mundo se sente um outsider (e por isso que todo mundo se identifica com esse tipo de histórias), mas você percebe quando demora mais pra se encaixar, quando as pessoas estranham aquilo que faz você… você. Eu vivo muito dentro da minha cabeça, tenho uma facilidade gigantesca em me apegar ao imaginado e desapegar ao real, sou completamente obsessiva pelas coisas que me interessam, não sei lidar com pessoas que não conheço, me visto com cores e roupas que as pessoas não costumam combinar juntas, não consigo lembrar de rostos e frequentemente não reconheço gente na rua (o que é algo bastante constrangedor na maioria das vezes), tenho um nível de ansiedade altíssimo (além de algum grau de fobia social e hipocondria) e, às vezes, penso que estou falando uma língua diferente da de todo mundo. Claro que já tentei me encaixar, mas, ao contrário de outros ‘ets’ na Terra, eu nunca fui muito boa em fingir ser o que não sou, por isso sempre preferir ficar sozinha do que vestir uma máscara igual ao rosto dos outros. E, outra coisa estranha sobre mim, eu não sei o que é ficar solitária porque nunca senti isso, eu gosto de estar só, dentro do meu mundo na minha cabeça.

Pensando por esse lado, talvez exista uma razão mais emocional no porquê de eu gostar tanto desses seriados (e acho que Sherlock se encaixaria aí em algum grau também), não por diversão e estímulo intelectual. É, não só divertido, mas confortador, ver alguém como você ser um herói e conseguir fazer coisas incríveis. É por isso que representação de todo e qualquer grupo social nas mídias, algo do qual somos tão carentes, é tão importante. Eu quero ver um esquisito salvar o dia, salvar o mundo, porque eu quero acreditar que também sou capaz de fazer isso.

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